OddThemes © 2015Distributed By Blogger Templates

Entre os dias 15 e 17 de novembro de 2016, Porto Alegre/RS sediou o I Simpósio Internacional de Saúde da População Negra. Contando com a presença de mais de mil participantes, o encontro proporcionou um espaço para o debate sobre o tema entre gestores da área, sociedade civil e trabalhadores.

Uma programação intensa com palestrantes locais, nacionais e internacionais, movimentou os três dias do evento com mesas redondas, lançamentos de livros, feira de artesanato, shows e uma roda de diálogo entre comunicadores, no qual tive o prazer de participar, representando a revista eletrônica Acho Digno, ao lado da apresentadora do Programa Nação Fernanda Carvalho, junto com o estudante de Relações Públicas, Eduardo Plínio, e mais estudantes da área da psicologia, nutrição e publicidade e propaganda.

Colocar a mídia no centro desse debate é traçar um caminho para combater e enfrentar o racismo, também existente dentro da área da saúde, e assim buscar estratégias de ações efetivas para a melhoria da saúde da população negra. As discussões do I Simpósio Internacional de Saúde da População Negra buscam meios de fortalecer no país a implementação da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, e também que sejam intensificadas ações dentro do Sistema Único de Saúde (SUS) direcionada a esse recorte social.

A mídia tem o papel de saber transformar os dados em informações para que seja mais acessível à compreensão da população em torno do assunto, bem como, é necessário que a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra chegue de modo mais amplo para os profissionais e pacientes. Esses dados aliados a informação serve para orientar e transformar a vida das pessoas. No entanto, avaliamos que ainda falta uma divulgação massiva sobre o tema nos meios de comunicação tradicionais e que não basta à mídia especializada fazer essa tarefa sozinha, pois é preciso popularizar a informação. Não estamos sós. Informação é poder. O diálogo tem que ser de alto nível para assim podermos responder as questões da sociedade civil. Precisamos saber que esse é o momento de empoderar os grupos marginalizados. Um trabalho em conjunto precisa ser realizado para atingir a sociedade com um todo. Não podemos fazer ações separadas.

“A mídia, em praticamente todas as esferas, tem sido uma fortalecedora do racismo no Brasil, na medida com que reforça e perpetua estereótipos e não trata com a seriedade que deveria questões do povo negro. Isso mostra a força que a mídia tem. E se a tem, podemos usar o (ainda pouco) espaço que temos para combater esse mesmo racismo. A saúde da população negra é um dos muitos assuntos que ainda precisam sair da invisibilidade midiática. Por isso, acho muito importante ter uma mesa de discussão em um Simpósio sobre o tema. E é uma honra, como uma mulher negra da mídia, estar presente”, revela apresentadora do Programa Nação da TVE, Fernanda Carvalho.

Ao assumirmos a sociedade como racista podemos perceber o quanto isso impacta na vida dessa população. Muitas vezes faz com que mortes evitáveis aconteçam e isso impede o processo de igualdade, universalidade e equidade, tais princípios do SUS. Então, podemos afirmar que o racismo é um fator determinante para o adoecimento. Ele orienta a organização das sociedades, bem como as instituições e define as formas como elas irão prestar os seus serviços para determinados grupos. Desse modo o I Simpósio Internacional de Saúde da População Negra possibilitou ganhos substanciais para a área da saúde, pois reuniu pessoas comprometidas com o atendimento ao direito humano à saúde, tanto do Brasil como de outras partes do mundo.

Nesses três dias de evento podemos dizer que a capital gaúcha, principalmente ao redor do Campus Central da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e o Kilombo do SUS, uma estrutura montada próximo ao espelho d’água na Redenção, ficou mais conscientes e preta, porém queremos que essa realidade se reflita nos 365 dias do ano, pois o direito à saúde está previsto na Constituição Federal, sendo obrigação do Estado prover os serviços para sua promoção, proteção e recuperação. O diálogo já começou. “A troca de saberes e a construção de parcerias estratégicas garantirão o fortalecimento de redes para o enfrentamento e a desconstrução de iniquidades que, ainda, entravam o atendimento integral à saúde de população negra”, afirma a coordenadora técnica de Maria Mulher Organização de Mulheres Negras, Maria Conceição.  


0 comentários: